São Paulo, 15 de Março de 2007
Profissionais contribuem com informações estratégicas para os negócios. Aquela figura austera, de óculos, cercada de livros por todos os lados, confinada a salas igualmente austeras em escolas ou bibliotecas públicas é coisa do passado. O bibliotecário tem hoje um amplo e promissor campo de trabalho junto às empresas (públicas e privadas). Até a nomenclatura da profissão ganhou novos termos, entre eles, bibliógrafo, cientista de informação, consultor de informação, especialista de informação, gestor de informação, segundo a classificação brasileira de ocupações (CBO).
O bibliotecário pode trabalhar com a informação em várias áreas como agências de publicidade, departamentos jurídicos de empresas, escritórios de advocacia, hospitais, editoras, bancos, indústrias, provedores de internet, livrarias, emissoras de televisão, jornais, entidades do terceiro setor. Ele pode até ter a sua empresa de consultoria, caso seu objetivo seja o de ser um empreendedor. O bibliotecário atua ainda na organização de acervos e sistemas de informação, na preservação da memória e da história de uma organização, pública ou privada."A área de biblioteconomia está em expansão. À proporção em que aumenta a informação em circulação, a atividade desse profissional se apresenta extremamente necessária à gestão das organizações", diz Regina Celi de Sousa, presidente do Conselho Regional de Biblioteconomia do Estado de São Paulo.Atualmente, no Estado de São Paulo, há 7.609 bibliotecários e, segundo Regina Celi, se compararmos com a população estimada do estado, de 40.849.333 de habitantes, segundo a Fundação Seade, há um profissional para cada 5.368 habitantes. Uma relação, em sua opinião, muito desigual em comparação aos benefícios que o trabalho do bibliotecário representa para o desenvolvimento humano e para as instituições. A média salarial está entre R$ 2,5 mil e R$ 4,5 mil, mas há profissionais que ganham entre R$ 10 mil e R$ 20 mil.Regina Celi de Sousa é um exemplo do profissional que não está restrito às bibliotecas tradicionais. Ela é gerente de conhecimento do escritório Machado, Meyer, Sendacz e Opice Advogados. "A área jurídica é uma das que mais emprega bibliotecários. Na cidade de São Paulo, cerca de 60 escritórios de advocacia empregam aproximadamente 200 bibliotecá-rios. Nosso trabalho é filtrar as informações de interesse do escritório e dos clientes, mas para isso é imprescindível ter conhecimentos na área. É preciso saber onde buscar as informações, com resultado confiável, que vá agregar valor aos serviços do escritório."Segundo Regina Celi, o Conselho Regional de Biblioteconomia do Estado de São Paulo, assim como o Grupo Jurídico, oferecem cursos de capacitação profissional e oportunidades para os profissionais que desejam ingressar na área jurídica. "Empresas de recrutamento como a Catho Online já procuram bibliotecários. O boca-a-boca também é um instrumento muito forte na hora da colocação", informa Regina Celi.A bibliotecária Emilia da Conceição Camargo, gerente do centro de informações do Grupo Totalcom (que engloba entre outras empresas a agência de publicidade Fischer América), defende a expansão desse mercado, pelo fato de a globalização ter levado as diferentes organizações a aprimorarem os seus processos, produtos e serviços. Isso coloca a informação não só como insumo para controle, mas também como um instrumento importante para a tomada de decisões e a busca de inovações."Em empresas de comunicação como o Grupo Totalcom, a busca de informação para atender futuros clientes e analisar a concorrência é um ativo. Assim, essas informações estão em sua maior parte ligadas à área de planejamento estratégico, mas também a estudos de tendências e áreas de pesquisa", analisa Emilia.
Outra bibliotecária que encontrou nas empresas seu desenvolvimento profissional é Yara Rezende, gerente de informação na Natura, que em seu setor conta com seis bibliotecários e um profissional oriundo da área de marketing. Yara diz que o mercado oferece boas oportunidades, mas ainda encontra dificuldade para encontrar um bom profissional. "A formação universitária faz do bibliotecário um técnico. Para que ele seja qualificado a trabalhar em empresas, é preciso ter uma mente estratégica, voltada para o negócio, para lidar com as informações, e ter uma sólida formação cultural."Yara, logo após se formar, começou a trabalhar em empresas. Em 1981, ingressou na Mangels, onde criou um método revolucionário - a biblioteca sem acervo. "Para mim, o importante é ter o acesso à informação, não o acervo, que para muitas empresas pode ser dispendioso. Criei, assim, o que se chama hoje de biblioteca virtual. Hoje, na Natura, como gerente de informação, tenho de estar alinhada aos planos estratégicos da empresa nas mais variadas áreas como mercado, logística, engenharia, entre outras. É preciso estar integrada aos processos da empresa, para antecipar informações, antecipar tendências. A informação é válida quando é subsídio para gerar conhecimento" , conclui Yara Rezende.
(Gazeta Mercantil/Caderno C - Pág. 9)(Lourdes Rodrigues)
Fonte: http://www.investne ws.com.br/ integraNoticia. aspx?Param= 519,0,1,485112, UIOU
Colaboração: Maria Lúcia Pimenta
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